quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Vamos escrever sem erros

Desafio ortográfico para este mês




Uns saltimbancos tinham acampado num bosque.



Era um pobre casal com filhos ainda pequenos.


Fizeram uma fogueira, puseram uma panela de água em cima, com batatas e feijões, mas como a água não levantava fervura para cozer a sopa, o homem foi procurar, ao redor, uns cavacos e umas pinhas, com que atiçasse mais o lume.


Ficou a mulher só com os pequenos, que dormiam.


Atraído pelo cheiro do cozinhado, apareceu um lobo.


Era inevitável. Nestas histórias, está-se sempre à espera que ele apareça?


A mulher, ao princípio, não deu pelo lobo, que, devagarinho, se aproximava dos meninos.


Quando ela o viu, susteve o grito e agarrou no panelão cheio de água e despejou-o em cima do lobo. A água não estava a ferver, mas pouco faltava.


O lobo fugiu, aos uivos. Serviu-lhe de emenda.


Por sinal que não serviu, porque, noutra ocasião, andava o saltimbanco sozinho, a colher amoras, para levar aos filhos, e apareceu o lobo, a cheirar--lhe os calcanhares.


O homem trepou a uma árvore, mas o lobo ainda lhe ficou com os fundilhos das calças nos dentes. De mal a menos.


O pior foi quando o lobo se pôs a chamar pelos outros da alcateia.


Vieram uns tantos. Como a árvore era das altas, os lobos colocaram-se em castelo, uns em cima dos outros. Quem os aguentava, em baixo, era o mais forte, o lobo que os chamara.


Ora o homem tinha reparado que a este lobo faltava pêlo nos lombos, como se estivessem a sarar de alguma queimadura. Isto lembrou-lhe o que a mulher lhe contara. Então gritou, num último alento de coragem:


- Ó Maria, traz a panela com a água ao lume.


Não havia Maria, não havia panela, não havia água, mas o lobo sentiu o grito como uma ameaça a arder e fugiu a sete pés. Os outros perderam o equilíbrio e estatelaram-se no chão. Fugiram também.


O homem, quando regressasse ao acampamento, já tinha que contar.



  Texto de António Torrado

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