Era uma vez um rapaz que vivia num campo. A casa era branca com uma chaminé alta.
À volta da casa havia um pomar de várias espécies. No Verão dava ameixas, cerejas e pêssegos, na Primavera dava peras e maçãs vermelhas, no Outono: figos, marmelos e uvas. No Inverno dava laranjas e tangerinas.
Ainda havia mais árvores antigas e altas: castanheiros e nogueiras.
O rapaz gostava mais de ir ao ribeiro que formava um pequeno lago.
A água do ribeiro (lago) era: transparente, e no fundo do ribeiro havia areia e seixos.
A água do rio servia para beber, cozinhar e o rio para pescar.
Como as pessoas sabiam que a água era a coisa mais preciosa da vida, não poluíam o rio.
O rapaz aprendeu a nadar ainda muito novo, nadava de olhas abertos e por isso conhecia o fundo do rio. Conhecia as pedras e os peixes.
Ele conhecia três peixes que moravam permanente no lago.
Quando tinha frio de tanto tomar banho, deitava-se na areia grossa a secar-se ao sol.
Depois à noite deitava-se de costas a olhar para as estrelas.
Quando passava uma estrela cadente ele pedia três desejos.
Como a mãe lhe ensinara, cada estrela que brilhava era uma pessoa boa que tinha morrido.
Certo dia viu um javali com as suas crias a beber água no rio.
A verdadeira aventura do rapaz aconteceu na Primavera, quando viu um enorme peixe aos saltos fora de água.
O peixe sorriu-lhe e perguntou ao rapaz se o rio era dele.
Depois de o peixe perguntar ao rapaz se o ribeiro era dele, o rapaz respondeu-lhe que sim.
Era onde ele tomava banho e brincava.
O rapaz perguntou ao peixe como é que aprendeu a falar a língua das pessoas.
O peixe respondeu-lhe dizendo que viveu muito tempo num aquário, e como o seu dono falava muito com ele o peixe aprendeu a falara como as pessoas.
Cresceu tanto que já não cabia no aquário, e o seu dono e a sua mãe combinaram deitar o peixe no rio para ele viver junto com os outros peixes. Mas só falava fora de água.
O rapaz ficou com pena do peixe e do seu antigo dono e resolveu deixar ficar o peixe a viver no ribeiro, para refazer a sua vida.
O menino quis saber a que espécie o peixe pertencia.
Mas ninguém poderia saber que eles falavam juntos.
Durante toda a Primavera brincavam, e jogavam à bola. No Verão mergulhavam juntos, à noite o rapaz atirava pedras, para chamar o peixe.
Durante o Outono, como não chovia, continuaram a tomar banhos juntos e a conversar.
Como não chovia há muito tempo as colheitas estavam ameaçadas. O pai e a mãe estavam muito preocupados por não terem alimentos para dar aos filhos.
Mas a mãe teve uma ideia, disse ao marido que tinha visto uma carpa gigantesca.
Sugeriu ao marido que bloqueasse as saídas do rio com um tronco para ele não fugir e que se fosse preciso lhe desse um tiro de caçadeira.
A mãe continuou a falar que a carpa da ria para ser comida durante dois meses até se matar o porco, pois pesaria 50kg.
O pai combinou logo de manhãzinha estender a rede no ribeiro.
O rapaz ficou sem saber o que fazer, se avisasse a carpa ficaria sem comida e sem a sua amiga pois a carpa fugiria. Se não o pai apanhara-a e não conseguiria comê-la.
De madrugada o rapaz saiu de casa, pela janela, sem fazer barulho e foi avisar, a carpa que tinha de fugir.
Os amigos choraram na despedida.
O peixe mergulhou no ribeiro e foi em direcção ao rio, enquanto o rapaz o observava.
O pai não apanhou a carpa, e nessa noite o jantar foi muito triste e silencioso.
Continuou a não chover e a não haver o que comer. Passaram-se duas semanas e o rapaz nunca mais tinha voltado ao ribeiro.
Numa noite de luar o rapaz, enquanto estava à janela, a olhar para o lago, viu um remoinho na água e pareceu-lhe ser a carpa;
O rapaz, avistou o corpo da carpa fora de água, calçou as botas sem as apertar, nem o pijama tirou e correu para o lago.
Entrou pela água dentro e abraçou a carpa sentindo as suas escamas grossas e molhadas.
A carpa disse-lhe que queria voltar a viver lá. Mas o rapaz respondeu-lhe que se ela ficasse lá a viver e o seu pão a visse que a matava.
A carpa disse-lhe que tinha encontrado uma solução: se lhes desse comida já não precisava de a matar.
O rapaz não percebeu como poderia a carpa dar-lhes comida e a carpa mostrou-lhe um embrulho enorme com comida.
A carpa contou-lhe que antes de chegar ao ribeiro tinha passado muito tempo num aquário sábio o tipo de alimentos que as pessoas comiam.
O rapaz disse à carpa que iria contar ao pai que tinha sido ela a ajudá-los e desta forma o pai não lhe faria mal; só não podia contar que a carpa falava com ele.
Os pais e o rapaz passaram uma manhã a levar e a guardar as latas de conserva que a carpa e as raposas tinham arrastado durante onze dias e onze noites.
O pai concordou que a carpa se mantivesse no rio pois tinha-os ajudado.
O pai cravou uma tabuleta a dizer: proibido pescar neste local.
À sua beira o rapaz colocou também uma tabuleta que dizia: este rio tem um segredo e esse segredo é só meu.
Rui Pedro Cunha
4º ano
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