terça-feira, 18 de janeiro de 2011

O Segredo do Rio - Plano Nacional de Leitura

O segredo do rio



Era uma vez um rapaz que vivia num campo. A casa era branca com uma chaminé alta.

À volta da casa havia um pomar de várias espécies. No Verão dava ameixas, cerejas e pêssegos, na Primavera dava peras e maçãs vermelhas, no Outono: figos, marmelos e uvas. No Inverno dava laranjas e tangerinas.

Ainda havia mais árvores antigas e altas: castanheiros e nogueiras.

O rapaz gostava mais de ir ao ribeiro que formava um pequeno lago.

A água do ribeiro (lago) era: transparente, e no fundo do ribeiro havia areia e seixos.

A água do rio servia para beber, cozinhar e o rio para pescar.

Como as pessoas sabiam que a água era a coisa mais preciosa da vida, não poluíam o rio.

O rapaz aprendeu a nadar ainda muito novo, nadava de olhas abertos e por isso conhecia o fundo do rio. Conhecia as pedras e os peixes.

Ele conhecia três peixes que moravam permanente no lago.

Quando tinha frio de tanto tomar banho, deitava-se na areia grossa a secar-se ao sol.

Depois à noite deitava-se de costas a olhar para as estrelas.

Quando passava uma estrela cadente ele pedia três desejos.

Como a mãe lhe ensinara, cada estrela que brilhava era uma pessoa boa que tinha morrido.

Certo dia viu um javali com as suas crias a beber água no rio.

A verdadeira aventura do rapaz aconteceu na Primavera, quando viu um enorme peixe aos saltos fora de água.

O peixe sorriu-lhe e perguntou ao rapaz se o rio era dele.

Depois de o peixe perguntar ao rapaz se o ribeiro era dele, o rapaz respondeu-lhe que sim.

Era onde ele tomava banho e brincava.

O rapaz perguntou ao peixe como é que aprendeu a falar a língua das pessoas.

O peixe respondeu-lhe dizendo que viveu muito tempo num aquário, e como o seu dono falava muito com ele o peixe aprendeu a falara como as pessoas.

Cresceu tanto que já não cabia no aquário, e o seu dono e a sua mãe combinaram deitar o peixe no rio para ele viver junto com os outros peixes. Mas só falava fora de água.

O rapaz ficou com pena do peixe e do seu antigo dono e resolveu deixar ficar o peixe a viver no ribeiro, para refazer a sua vida.

O menino quis saber a que espécie o peixe pertencia.

Mas ninguém poderia saber que eles falavam juntos.

Durante toda a Primavera brincavam, e jogavam à bola. No Verão mergulhavam juntos, à noite o rapaz atirava pedras, para chamar o peixe.

Durante o Outono, como não chovia, continuaram a tomar banhos juntos e a conversar.

Como não chovia há muito tempo as colheitas estavam ameaçadas. O pai e a mãe estavam muito preocupados por não terem alimentos para dar aos filhos.

Mas a mãe teve uma ideia, disse ao marido que tinha visto uma carpa gigantesca.

Sugeriu ao marido que bloqueasse as saídas do rio com um tronco para ele não fugir e que se fosse preciso lhe desse um tiro de caçadeira.

A mãe continuou a falar que a carpa da ria para ser comida durante dois meses até se matar o porco, pois pesaria 50kg.

O pai combinou logo de manhãzinha estender a rede no ribeiro.

O rapaz ficou sem saber o que fazer, se avisasse a carpa ficaria sem comida e sem a sua amiga pois a carpa fugiria. Se não o pai apanhara-a e não conseguiria comê-la.

De madrugada o rapaz saiu de casa, pela janela, sem fazer barulho e foi avisar, a carpa que tinha de fugir.

Os amigos choraram na despedida.

O peixe mergulhou no ribeiro e foi em direcção ao rio, enquanto o rapaz o observava.

O pai não apanhou a carpa, e nessa noite o jantar foi muito triste e silencioso.

Continuou a não chover e a não haver o que comer. Passaram-se duas semanas e o rapaz nunca mais tinha voltado ao ribeiro.

Numa noite de luar o rapaz, enquanto estava à janela, a olhar para o lago, viu um remoinho na água e pareceu-lhe ser a carpa;

O rapaz, avistou o corpo da carpa fora de água, calçou as botas sem as apertar, nem o pijama tirou e correu para o lago.

Entrou pela água dentro e abraçou a carpa sentindo as suas escamas grossas e molhadas.

A carpa disse-lhe que queria voltar a viver lá. Mas o rapaz respondeu-lhe que se ela ficasse lá a viver e o seu pão a visse que a matava.

A carpa disse-lhe que tinha encontrado uma solução: se lhes desse comida já não precisava de a matar.

O rapaz não percebeu como poderia a carpa dar-lhes comida e a carpa mostrou-lhe um embrulho enorme com comida.

A carpa contou-lhe que antes de chegar ao ribeiro tinha passado muito tempo num aquário sábio o tipo de alimentos que as pessoas comiam.

O rapaz disse à carpa que iria contar ao pai que tinha sido ela a ajudá-los e desta forma o pai não lhe faria mal; só não podia contar que a carpa falava com ele.

Os pais e o rapaz passaram uma manhã a levar e a guardar as latas de conserva que a carpa e as raposas tinham arrastado durante onze dias e onze noites.

O pai concordou que a carpa se mantivesse no rio pois tinha-os ajudado.

O pai cravou uma tabuleta a dizer: proibido pescar neste local.

À sua beira o rapaz colocou também uma tabuleta que dizia: este rio tem um segredo e esse segredo é só meu.




Rui Pedro Cunha

4º ano




































































































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